quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Poente outonal

Assim vou aparentando a fantasia,
Neste final de tarde de um dia vulgar
Sem algo singular que valha a alegria
Destes versos que me apraz cantar;

Sou rolo de fumo, astro perdido,
Um vapor nulo de inspiração
Com a fé militante do poeta agradecido
Num dia a mais, sem celebração;

E dou-me todo neste poente outonal.
Sou espasmo de luz, brisa dos oceanos,
Aquele que define o capítulo final:
Acabar floricultor num bosque de enganos; 

Vivo há muito com o ensejo de não escapar
A enigmas que tanto me seduzem
Mas vou contendo-me, extraindo fôlegos do ar
Sonhando... sempre que as estrelas fulgurem; 

Amanhã, de novo espreguiçarei ao alvor
Esta vontade que reputo salutar,
Rendido ao melífero clamor
Desta crença por mim aberta de par em par.

Jorge Rebelo

1 comentário:

  1. Eternos insatisfeitos somos, solitários no meio da multidão, somos gente, não somos nada. somos um tudo num universo de satisfação!

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Às vezes penso que não há chuva que me chegue, momentos que me bastem, nem sequer recordações de risos que me preencham. Por outras palavras...